Multiplicadores
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Suponhamos
que a economia se encontra em equilíbrio e de repente se produz
um aumento da inversão (por exemplo, chega um inversor estrangeiro
e realiza uma forte inversão) ou do gasto público (por
exemplo, o Governo decide realizar uma elevada inversão nas
rodovias). O que acontece com a produção de equilíbrio?
De entrada
aumenta, já que tanto a inversão como o gasto público
são componentes da demanda agregada, logo se aumentam esta
aumenta na mesma quantidade.
Porém
ao aumentar a demanda agregada, e, portanto a renda do país,
também aumentará o consumo (existe mais dinheiro e as
pessoas consomem mais), o que implica um novo incremento da demanda.
Definitivamente,
se inicia um processo que faz com que o crescimento final da produção
de equilíbrio seja superior ao incremento inicial que experimentaram
a inversão ou o gasto público e que serviram para originar
este processo.
E a pergunta
que se apresenta é: quando aumenta a produção
de equilíbrio? Para responder a esta pergunta vamos analisar
o funcionamento do multiplicador.
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1. Multiplicador
da inversão
A maneira
mais fácil de ver seu funcionamento é com um espelho:
Suponhamos
que a economia está em equilíbrio e de repente aumenta
a inversão em 100.000 euros. Vamos supor também que
a propensão marginal a ser consumida é de 0,6 (quer
dizer, se aumenta a renda em 1 euro, as pessoas dedicarão 0,6
euros ao consumo e de 0,4 euros a poupança.
A inversão
de 100.000 euros implica de entrada um incremento na produção
de equilíbrio de dito importe. Este é o 1º impacto.
Este aumento
da produção (e, portanto da renda) implica que o consumo
aumente em 60.000 euros (= 100.000 * 0,6). 2º impacto.
Porém
este aumento do consumo faz com que aumente novamente a renda em 60.000
euros, o que origina que o consumo volte a aumentar em 36.000 euros
(= 60.000 * 0,6). 3º impacto.
E assim
sucessivamente.
Se acaso
somam os diversos impactos veremos quanto aumentou a produção
de equilíbrio. Por isso utilizaremos a seguinte fórmula:
Variação
da produção de equilíbrio = (1 / (1 - PMC)) *
Variação da inversão
Aplicando
esta fórmula ao exemplo, teríamos um incremento da inversão
de 100.000 euros, implica um incremento da produção
de equilíbrio de 250.000 euros.
O coeficiente
(1 / (1 - PMC)) se denomina "multiplicador da inversão"
e mede o que aumenta da renda por cada euro que aumenta na inversão.
Este multiplicador é sempre maior que a unidade.
Quanto
maior é a propensão marginal ao consumo (PMC) maior
é o multiplicador. Para comprová-lo podemos repetir
o exemplo anterior supondo um PMC de 0,8 e outro de 0,5.
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2. Multiplicador
do gasto público
Funciona
da mesma maneira que a inversão: o incremento da produção
é maior que o aumento do gasto público. O multiplicador
é:
(1
/ (1 - PMC))
O multiplicador
(tanto o da inversão como o do gasto público) se modifica
se consideramos que existe um imposto que grava a renda.
Vejamos
novamente o exemplo anterior, mas supondo que existe um imposto que
grava a renda com um 20% (aumento da inversão de 100.000 euros
e propensão marginal a consumir de 0,6).
Na inversão
de 100.000 euros víamos que produzia de entrada um incremento
na produção de equilíbrio por dito importe. 1º
impacto.
Este aumento
da produção implica um aumento da renda por o mesmo
importe (100.000 euros), mas um 20% se destina ao pagamento de impostos,
pelo que a renda disponível é agora de 80.000 euros.
Este incremento implica um aumento do consumo de 48.000 euros (= 80.000
* 0,6). 2º impacto.
Este aumento
do consumo incrementa novamente a renda em 48.000 euros, dos que 20%
se destinará ao pagamento de impostos, sendo o novo aumento
da renda disponível de 38.400 euros, dos que 23.040 euros se
destinará ao consumo. 3º impacto.
Neste caso
o multiplicador fica definido:
(1
/ (1 - PMC * (1 - t)))
Sendo "t"
a taxa impositiva
Neste caso
a variação da produção de equilíbrio
será:
Variação
da produção de equilíbrio = (1 / (1 - PMC * (1
- t))) * Variação da inversão
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