Lección 9ª

 

 

 

 

 

   

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Multiplicadores

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Suponhamos que a economia se encontra em equilíbrio e de repente se produz um aumento da inversão (por exemplo, chega um inversor estrangeiro e realiza uma forte inversão) ou do gasto público (por exemplo, o Governo decide realizar uma elevada inversão nas rodovias). O que acontece com a produção de equilíbrio?

De entrada aumenta, já que tanto a inversão como o gasto público são componentes da demanda agregada, logo se aumentam esta aumenta na mesma quantidade.

Porém ao aumentar a demanda agregada, e, portanto a renda do país, também aumentará o consumo (existe mais dinheiro e as pessoas consomem mais), o que implica um novo incremento da demanda.

Definitivamente, se inicia um processo que faz com que o crescimento final da produção de equilíbrio seja superior ao incremento inicial que experimentaram a inversão ou o gasto público e que serviram para originar este processo.

E a pergunta que se apresenta é: quando aumenta a produção de equilíbrio? Para responder a esta pergunta vamos analisar o funcionamento do multiplicador.

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1. Multiplicador da inversão

A maneira mais fácil de ver seu funcionamento é com um espelho:

Suponhamos que a economia está em equilíbrio e de repente aumenta a inversão em 100.000 euros. Vamos supor também que a propensão marginal a ser consumida é de 0,6 (quer dizer, se aumenta a renda em 1 euro, as pessoas dedicarão 0,6 euros ao consumo e de 0,4 euros a poupança.

A inversão de 100.000 euros implica de entrada um incremento na produção de equilíbrio de dito importe. Este é o 1º impacto.

Este aumento da produção (e, portanto da renda) implica que o consumo aumente em 60.000 euros (= 100.000 * 0,6). 2º impacto.

Porém este aumento do consumo faz com que aumente novamente a renda em 60.000 euros, o que origina que o consumo volte a aumentar em 36.000 euros (= 60.000 * 0,6). 3º impacto.

E assim sucessivamente.

Se acaso somam os diversos impactos veremos quanto aumentou a produção de equilíbrio. Por isso utilizaremos a seguinte fórmula:

Variação da produção de equilíbrio = (1 / (1 - PMC)) * Variação da inversão

Aplicando esta fórmula ao exemplo, teríamos um incremento da inversão de 100.000 euros, implica um incremento da produção de equilíbrio de 250.000 euros.

O coeficiente (1 / (1 - PMC)) se denomina "multiplicador da inversão" e mede o que aumenta da renda por cada euro que aumenta na inversão. Este multiplicador é sempre maior que a unidade.

Quanto maior é a propensão marginal ao consumo (PMC) maior é o multiplicador. Para comprová-lo podemos repetir o exemplo anterior supondo um PMC de 0,8 e outro de 0,5.

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2. Multiplicador do gasto público

Funciona da mesma maneira que a inversão: o incremento da produção é maior que o aumento do gasto público. O multiplicador é:

(1 / (1 - PMC))

O multiplicador (tanto o da inversão como o do gasto público) se modifica se consideramos que existe um imposto que grava a renda.

Vejamos novamente o exemplo anterior, mas supondo que existe um imposto que grava a renda com um 20% (aumento da inversão de 100.000 euros e propensão marginal a consumir de 0,6).

Na inversão de 100.000 euros víamos que produzia de entrada um incremento na produção de equilíbrio por dito importe. 1º impacto.

Este aumento da produção implica um aumento da renda por o mesmo importe (100.000 euros), mas um 20% se destina ao pagamento de impostos, pelo que a renda disponível é agora de 80.000 euros. Este incremento implica um aumento do consumo de 48.000 euros (= 80.000 * 0,6). 2º impacto.

Este aumento do consumo incrementa novamente a renda em 48.000 euros, dos que 20% se destinará ao pagamento de impostos, sendo o novo aumento da renda disponível de 38.400 euros, dos que 23.040 euros se destinará ao consumo. 3º impacto.

Neste caso o multiplicador fica definido:

(1 / (1 - PMC * (1 - t)))

Sendo "t" a taxa impositiva

Neste caso a variação da produção de equilíbrio será:

Variação da produção de equilíbrio = (1 / (1 - PMC * (1 - t))) * Variação da inversão

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