Lição 16

 


 

 

 

 

 

 

 

Intervenção

O discurso não consiste simplesmente em ler um texto (para isto seria mais fácil repartir xérox aos assistentes), senão em expor de maneira convincente umas idéias.

No discurso temos que interpretá-lo, temos que tirar-lhe todo seu proveito, temos que enfatizar, entusiasmar, motivar, convencer, persuadir, etc.

A intervenção tem que ir encaminhada a captar (e manter) a atenção do público e facilitar a compreensão da mensagem.

Não se trata de maravilhar ao público com o que a pessoa sabe, com a riqueza do vocabulário que usamos, com a originalidade do estilo que utilizamos.

Temos que tratar de chegar ao público da maneira mais direta, mais fácil, e no mesmo tempo, mais sugestivo.

O orador tem que cuidar o ritmo de sua intervenção, tratando de manter a emoção e atenção do público durante toda a intervenção, evitando atravessar por momentos de grande intensidade, seguidos por momentos de pouco interesses (se arriscaria a perder a atenção da audiência).

A pessoa que participa tem que ser muito consciente que, além disso, de utilizar uma linguagem verbal (o que se diz, como se diz, vocabulário utilizado, entonação, volume de voz, ênfases, etc.), utilizar uma linguagem corporal que o público capta com igual claridade (gestos, movimentos, expressões, posturas, posição na palanque, etc.).

A maioria das vezes a pessoa não é consciente desta linguagem corporal pelo que resulta muito difícil controlá-lo. Não obstante, dada sua importância é um aspecto que temos que trabalhar nos ensaios.

Desde o momento em que o orador sobe ao palanque o público começa a olhar e analisar multidão de fatores (como se move, seu grau de nervosismo, como vai vestido, seu tom e volume de voz, seus gestos, seriedade ou sorriso, etc.) e com tudo isso se vai formando uma imagem do orador que pode considerar interessante, sem graça, sugestiva, sem importância, atrativa, patética, ridícula, etc.

Esta imagem que o público se forma influi decisivamente no interesse que vai prestar à intervenção, assim como em sua predisposição em aceitar ou não as idéias apresentadas.

Se esta imagem é positiva, o público será muito mais propenso a aceitar os argumentos apresentados, enquanto se é negativa tenderá a rejeitar-los ou a não dar-lhes atenção.

O orador deve projetar uma imagem de profissionalismo, de desenvoltura, de domínio da matéria, etc.

O orador deve mostrar entusiasmo: é uma maneira de reforçar suas idéias, por outro lado o entusiasmo é contagioso e dispõe ao publico a favor.

Tem que mostrar um rosto amável, um sorriso (ajuda a ganhar-se ao público) e evitar gestos antipáticos (provocam rejeição).

Na valoração global do discurso o público não só terá em conta as idéias expostas e a solidez dos argumentos, senão também a imagem do orador.

Por isto, não resulta lógico trabalhar intensamente no texto do discurso e ao mesmo tempo descuidar outros detalhes igualmente importantes.

Dentro da comunicação verbal tem-se que destacar a importância dos silêncios.

O silencio joga um papel fundamental em toda comunicação verbal, pelo que devemos saber utilizá-lo de forma adequada.

O silencio se deve utilizar de forma consciente (para estabelecer pausas, destacar idéias, dar tempo à audiência em assimilar um conceito, romper a monotonia da exposição, etc.).

O silencio não se pode usar aleatoriamente, sem um fim determinado, pois o único que faríamos seria interferir na comunicação, dificultando-a.

Temos que vencer o medo que sentem muitos oradores que evitam o silêncio a toda custa (pensam que rompe a comunicação).

Uma regra que dever presidir toda intervenção é da naturalidade.

O público gosta de ver no orador uma pessoa normal, próxima.

O público costuma se mostrar tolerante com os erros normais que possam se cometer (os atribuirá aos nervos típicos do momento), mas se tem algo que rejeita é a artificialidade, a ostentação, a antipatia e o aborrecimento.

Por último, sublinhar algumas coisas que o orador deve ter disponível quando sobe no palco:

Copo de água (para clarear a voz).

Relógio (para controlar o tempo, o situará num lugar visível aonde possa olhar-lo de forma discreta).

Lenço (para secar os lábios depois de beber ou por se espirramos – imagine um ataque de tosse, um nariz que coriza... e o orador sem lenço!).